Esportivo realiza primeiro teste preparatório visando a Divisão de Acesso 2025
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9 dias atrás
A paixão pelo futebol nasceu desde cedo para eles. O futebol brasileiro era e ainda é a "arte" na qual eles mais se inspiram dentro dos gramados. No Haiti, muitos deles já praticavam o esporte, até profissionalmente, mas tiveram que abandonar suas origens em busca de melhores condições de vida. Agora no Brasil, no país do futebol, um grupo de Haitianos de Bento Gonçalves se reuniu para não deixar morrer o amor pela bola.
Joel Guerville, capitão do time, chegou ao Brasil há cinco anos. No Haiti, ele atuava profissionalmente em uma equipe da Série C da competição nacional do país. Adequando-se ao Brasil, Joel começou frequentar os gramados pelo interior de Bento Gonçalves visando resgatar sua paixão pelo futebol, recentemente jogando a liga amadora Copa Amizade pelo Tandera. Sobretudo buscando lazer nos finais de semana, Joel e seus ex-companheiros de time se reuniram visando formar uma equipe.
- Eu e vários jogadores do meu time jogamos lá no Haiti em um time da série C. Vi que não tínhamos nada socialmente aqui para nós, não tínhamos nada para fazer nos finais de semana, nenhuma atividade. Então me reuni com eles para montar um time. Eles aceitaram a ideia e planejamos, fizemos uma reunião, e formamos o time - afirma Joel.
Em dezembro de 2018, Joel, o presidente Deuve Joassaint e demais atletas fundaram a Associação Esportiva dos Haitianos de Bento Gonçalves. Mas não é qualquer clube amador de cidade. A equipe conta com um corpo diretivo e um técnico nível 3, que possuía uma equipe de base no Haiti.
Rony, treinador da equipe, passa normalmente 30 minutos para ajeitar os equipamentos no gramado, cones e demais objetos de treino, comprados recentemente, enquanto que os jogadores chegam do trabalho. Os treinamentos ocorrem normalmente nas sextas à noite e nos finais de semana.
Apesar de não possuir iluminação no Estádio da Montanha, a equipe treina dentro de campo até o último "pingo de luz', aproximadamente até as 21h. Treinamentos físicos e técnicos e brincadeiras no final dos treinos sempre então presentes no repertório do técnico Rony, faça chuva ou faça sol. Apesar de possuir poucas bolas para os treinos, o treinador busca alternativas para fazer todos participarem dentro das quatro linhas.
Alguns atletas da equipe estão há anos morando em Bento Gonçalves, outros chegaram há poucos meses no município. Não há português algum nos treinamentos. Todos falam o créole, língua crioula haitiana. Alguns integrantes da equipe, como o treinador, ainda possuem dificuldades com o português, mas, segundo eles, estão evoluindo aos poucos, seja no trabalho, seja no dia-a-dia.
Em dezembro, a equipe enfrentou o time de Haitianos de Caxias do Sul em um amistoso no Estádio da Montanha. Pela pouca preparação antes do primeiro jogo, o resultado foi o que menos importou. "Esse primeiro teste foi muito legal, teve muita gente que veio assistir. O time desempenhou bem dentro de campo, apesar de que perdemos o jogo, mas a partida foi bem legal", afirma o capitão da equipe.
A paixão pelo futebol vem desde o Haiti. Fã do futebol brasileiro, Joel afirma que todos possuem um carinho muito grande pelo Brasil. "Gostamos muito do futebol brasileiro e somos muito apaixonados pela Seleção Brasileira desde no Haiti", ressaltou Joel. Com um sorriso no rosto ao ser perguntado qual é o jogador no qual se inspira, o capitão e meia atacante do time não hesitou em responder: "Me espelho no Robinho, gosto muito dele", disse gargalhando Joel.
Dentre os amistosos previstos daqui para frente, Joel obteve contato com o presidente do Clube Esportivo, Anderson Zanella, para, futuramente, realizar uma partida preliminar com a equipe Alviazul de Bento Gonçalves.
A ideia da equipe é disputar o maior número de campeonatos possíveis em 2019 e nos próximos anos. O grupo já participou de um torneio em Caxias, que contou com equipes de Haitianos e Senegaleses da região serrana e foi vice-campeão da competição. Porém a ambição do grupo vai muito além do futebol amador: "Nosso sonho é jogar uma divisão, tipo estadual, e porque não estadual", exclama o capitão.